Ferrari Amalfi: o V8 desafia o Futuro
Esqueça os elétricos! A sucessora da Roma chega com um V8 de 639 cv, receita "das antigas" e a promessa de uma pilotagem visceral.

Em um mundo cada vez mais silencioso, bege e movido a bateria, onde até o ronco de um motor parece ofender alguém, há gestos que soam como uma bela e sonora rebelião. A Ferrari acaba de dar um desses gestos. E ele atende pelo nome de Amalfi. Esqueça os sussurros elétricos e os discursos sobre a pegada de carbono por um instante. Estamos falando de uma máquina que nasce com um propósito claro: honrar o legado.
Sucessora da já estonteante Roma, a nova Amalfi não é apenas um carro. É uma declaração de princípios com motor V8 dianteiro, tração traseira e um design que parece esculpido por deuses italianos com uma queda por velocidade.
Convenhamos, o nome já é um bom começo. Amalfi, uma cidade italiana na costa mediterrânea, evoca sol, paixão e história. E a Ferrari pegou essa essência e a transformou em metal, borracha e fibra de carbono. A receita? A mesma que nos faz amar carros desde que éramos moleques: um motorzão na frente, potência enviada para as rodas certas e um capô longo que parece apontar para o horizonte que você pretende conquistar.
E que motor. O coração da Amalfi é um V8 3.9 biturbo que agora despeja 639 cavalos de pura fúria italiana. São 20 cv a mais que sua antecessora. Pode não parecer muito no papel, mas em Maranello, cada cavalo é conquistado com honra, através de um virabrequim mais leve e um sistema de escape retrabalhado para cantar a mais bela das sinfonias mecânicas. O torque de 77,5 kgfm é a força bruta que te cola no banco, um lembrete físico de que o poder real é algo que se sente, não se lê numa ficha técnica.
A Ferrari sabe que não vende apenas um meio de transporte. Ela vende um desafio. E a Amalfi eleva isso a um novo patamar:
- 0 a 200 km/h? Em 9 segundos. Uma eternidade curta, onde o mundo se torna um borrão e seu foco se torna absoluto.
- Velocidade máxima? 320 km/h.

Mas os números, meu amigo, são para os amadores. O verdadeiro valor está na forma como essa potência é entregue. A Ferrari recalibrou os modos de condução. Os modos "Comfort" e "Pista Molhada" estão, segundo a própria marca, "menos permissivos". Traduzindo do italianês para o bom português: o carro confia menos na babá eletrônica e mais em você.

Já nos modos "Sport" e "Corrida", a conversa é outra. Aí a Amalfi exige respeito. Exige "braço", como dizem os pilotos. Ela quer ver se você é digno da herança que carrega. Para os que gostam de dançar no limite, o Side Slip Control permite aquelas saídas de traseira controladas, um balé de alta velocidade. E para os construtores do próprio caminho, sim, é possível desligar tudo. Deixar a máquina na sua mão, no seu controle. Uma relação visceral, autêntica e, claro, perigosamente divertida.
Por fora, a inspiração na 12Cilindri é clara. Linhas que são ao mesmo tempo agressivas e elegantes. Cada curva, cada entrada de ar, tem uma função aerodinâmica, culminando em um aerofólio ativo que gera até 110 kg de downforce para te manter pregado no chão. Isso não é enfeite, é engenharia.

Por dentro, uma surpresa bem-vinda: botões analógicos. Em meio a um mar de telas e comandos de toque impessoais, a Amalfi devolve o controle tátil. O clique de um botão, a resposta imediata. É a diferença entre dar uma ordem e ter uma conversa.

A Ferrari Amalfi é um carro que se recusa a seguir a manada. Ela não é elétrica e não pede desculpas por isso. Ela celebra o ronco, a combustão, a sensação pura de domar uma máquina construída com um único propósito: ser o melhor naquilo que faz.

Com entregas começando em 2026 e um preço que certamente passará dos R$1,5 milhão quando (e se) chegar ao Brasil, a Amalfi não é para todos. E essa é a ideia. Ela é para o homem que entende que certas tradições não devem morrer. É para quem vê um carro não como um simples bem, mas como parte do seu próprio legado.
Em um mundo que quer te empurrar para o conformismo, a Ferrari Amalfi é um lembrete de 320 km/h para você construir sua própria estrada. E fazer isso com muito, mas muito estilo.
Publicado em: 08/07/2025
Última atualização: 07/08/2025
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