Vinho: rolha ou tampa de rosca?

O vinho em garrafas de vidro tem uma história de aproximadamente 400 anos, mas levou algum tempo para desenvolver um método eficiente de vedação. Desde couro até vidro e madeira, várias tentativas foram feitas até chegarmos à rolha de cortiça, extraída da casca do sobreiro, que se tornou um padrão na indústria vinícola.
A tampa de rosca foi introduzida pelos franceses em 1959, inicialmente para uso em licores e destilados. Na década de 70, o conceito do screwcap começou a ser experimentado em garrafas de vinho, utilizando um disco acolchoado para garantir a vedação. No entanto, essa ideia teve uma aceitação limitada e foi somente por volta dos anos 2000 que os produtores australianos começaram investir nas tampas de rosquear.
Hoje em dia, quase 90% dos vinhos da Nova Zelândia são vedados com rosca, que vem cada vez ganhando mais popularidade.
Rolha de cortiça
Desde o século XVII, as rolhas têm sido essenciais para vedar as garrafas de vinho, especialmente à medida que estas se tornaram mais uniformes. Feita de cortiça, o vedante que conhecemos hoje é flexível, leve e proporciona uma vedação ideal. A sua característica de expansão quando úmida é fundamental, evitando vazamentos de vinho e a entrada excessiva de ar.
Apesar da vida útil de cerca de 30 a 40 anos, a rolha tem sido a principal escolha das vinícolas por séculos. Além disso, é um produto de origem natural e ecologicamente sustentável, o que ressoa com os valores da indústria moderna.
Mas, a sua naturalidade também pode causar alguns contratempos, como a temida TCA, conhecida como a “doença da rolha”. Essa contaminação química pode afetar negativamente o vinho, introduzindo clorofenóis que conferem ao vinho aromas indesejados, como o de papelão molhado, além de sabores amargos e sensações de umidade.
Tampa de rosca (screwcap)
A tampa de rosca, cada vez mais presente no mercado, é frequentemente associada à simplicidade e ao baixo custo, especialmente por ser utilizada em refrigerantes, água e sucos. No entanto, uma verdade precisa ser esclarecida: não há vedante mais confiável do que o screwcap. A qualidade do vinho dentro de uma garrafa selada com tampa de rosca permanece intacta, pois impede o contato com o oxigênio. Este é, talvez, o principal motivo pelo qual os tradicionalistas ainda preferem a rolha.
Observamos que vinhos de preço mais acessível tendem a ser selados com tampa de rosca, mas essa escolha não está necessariamente relacionada à qualidade. Na verdade, esse método de vedação é mais comum em vinhos frutados, brancos, tintos e rosés que não passam por envelhecimento em barris de madeira e são destinados a serem consumidos mais jovens, pois a ausência de oxigênio prolonga sua vida útil na garrafa.
Então, qual é a melhor opção: rolha ou tampa de rosca?
Depende! Para vinhos destinados ao envelhecimento, a rolha é crucial devido à micro-oxigenação, que é essencial para amaciar os taninos e desenvolver complexidade à medida que o vinho amadurece. Já para vinhos mais jovens que não necessitam de envelhecimento ou oxigenação, mas sim de uma vedação total, a tampa de rosca é uma escolha conveniente e eficaz.
Lembre-se: não devemos julgar um vinho pela tampa. Ou pela rolha. A decisão entre rolha e tampa de rosca depende das características específicas do vinho e das preferências individuais do consumidor.
Autor(a) : Bella da Semana
Publicado em: 20/05/2024
Última atualização: 22/05/2024
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