E aí, meu nobre leitor, boa segunda-feira! Se você sobreviveu ao fim de semana, parabéns. Se sobreviveu à 29ª rodada do Brasileirão, você merece um prêmio. Tivemos de tudo um pouco: golaço para salvar o ingresso, jogo para induzir ao coma e, claro, o prato principal: uma "final antecipada" que prometia ser um duelo de titãs, mas que acabou com um protagonista que ninguém convidou para a festa: o homem do apito.

Prepare sua bebida, ajeite-se na poltrona e venha comigo, porque o "Peladas da Semana" de hoje está mais quente que discussão em grupo de WhatsApp sobre política.

A Final Antecipada que o Juiz Quis Roubar pra Ele

Vamos combinar: o clima para Flamengo e Palmeiras no domingo era de decisão de campeonato.1 O Maracanã, mesmo debaixo de chuva, se preparava para um "domingo luxuoso" 2, um confronto que poderia definir os rumos da taça. De um lado, o Flamengo embalado; do outro, o Palmeiras, uma máquina de fazer gols. Ingredientes perfeitos para um espetáculo. Mas, como no futebol brasileiro um roteiro simples é pedir demais, a CBF resolveu adicionar um tempero extra de pimenta no olho: Wilton Pereira Sampaio.

A nomeação do árbitro foi um show à parte. A CBF escondeu o nome do escolhido até a tarde de sexta-feira, como quem esconde o celular com a senha "1234".1 Ora, se até a entidade máxima do nosso futebol já previa a tempestade, por que insistir em colocar o para-raios no meio do campo? Analistas já apontavam um "clima de crise" na arbitragem antes mesmo da bola rolar. A decisão não foi apenas uma escolha técnica; foi um convite ao caos. E o caos, como sempre, aceitou o convite e ainda trouxe os amigos. O que vimos no Maracanã não foi apenas um jogo de futebol, foi a crônica de um sequestro anunciado, onde o espetáculo foi feito de refém pela polêmica.

O Prato Principal – Crônica de Uma Guerra de Cinco Gols no Maracanã

Se você conseguir filtrar o som do apito e as discussões intermináveis, vai perceber que Flamengo 3 x 2 Palmeiras foi um jogaço de bola. Um duelo digno de dois postulantes ao título. O Flamengo, com a volta de Pulgar após três meses, e o Palmeiras, jogando o estreante goleiro Carlos Miguel na maior fogueira possível, entregaram emoção. Arrascaeta, com a categoria de sempre, marcou, Jorginho de pênalti fez também, e Pedro deixou o dele. Do lado alviverde, a joia Vitor Roque e o capitão Gustavo Gómez balançaram as redes, mostrando por que o time de Abel Ferreira é tão temido. Foi um jogo de alternâncias, de qualidade técnica e de nervos à flor da pele. Mas, infelizmente, a história que fica não é a do golaço, mas a do lance duvidoso.

Aí, meu amigo, o apito falou mais alto. E gritou. Primeiro, um lance que deixou os palmeirenses espumando de raiva: Gustavo Gómez é claramente empurrado por Jorginho e cai na área, pede pênalti, e a vida segue. Wilton Pereira Sampaio mandou jogar, e o VAR, aparentemente, estava ocupado assistindo aos melhores momentos de Liverpool e Manchester United, o outro clássico do dia. A revolta já estava instalada. Mas o clímax ainda estava por vir.

Aos 42 do primeiro tempo, o lance capital: Pedro é derrubado por Bruno Fuchs dentro da área. Pênalti para o Flamengo. O banco do Palmeiras explodiu. Abel Ferreira, à beira do campo, gesticulava que aquilo era uma "falta de ataque", uma jogada de basquete em um campo de futebol. Para piorar o cenário palmeirense, a reclamação era de que, na origem da jogada, Vitor Roque havia sofrido uma falta, completamente ignorada. A confusão estava armada. O pênalti foi marcado e convertido, mas o estrago na credibilidade da partida já era irreparável.

O que se seguiu ao apito final foi a materialização da fúria. Abel Ferreira, em sua coletiva, tentou ser cirúrgico, apontando os erros e o histórico complicado com o árbitro. Mas foram seus comandados que jogaram a diplomacia pela janela. O lateral Piquerez e o auxiliar João Martins foram para cima do árbitro e acabaram expulsos depois do jogo terminar. A frase de Piquerez, registrada em súmula, entrará para o folclore do campeonato: "Você está de sacanagem, veio aqui só para roubar a gente". Isso, meu caro, não é mais choro de perdedor. É uma declaração de guerra. O Palmeiras não se sente apenas prejudicado; sente-se perseguido. E essa mentalidade de "nós contra o sistema" transforma as 10 rodadas finais em um campo minado, onde cada apito será uma explosão em potencial.

Os Gols (e Bocejos) da Rodada – O Resumão que Salva sua Segunda-Feira

Mas nem só de treta viveu o Brasileirão. No sábado, por exemplo, tivemos Corinthians 1 x 0 Atlético-MG. Um jogo que foi o oposto do clássico de domingo: um duelo de "nível técnico baixo", sonolento, que parecia fadado ao 0 a 0. Até que Maycon, o capitão corintiano, acertou um chutaço de fora da área e fez um golaço para justificar o ingresso dos quase 40 mil torcedores. Foi um lampejo de qualidade em 90 minutos de pura luta (contra o sono).

Para você não ficar perdido na resenha do escritório, aqui vai o placar completo da rodada, com os nossos tradicionais e isentos comentários:

Data	Jogo	Resultado	Comentário Irônico da Coluna
18/10	Corinthians 1 x 0 Atlético-MG	Gol: Maycon	Maycon achou um golaço e salvou 39 mil pessoas de uma soneca coletiva em Itaquera. O resto do jogo foi um ótimo comercial de colchões.
18/10	Cruzeiro 1 x 0 Fortaleza	Gol: Christian	Christian faz o gol da vitória do time mineiro, terceiro colocado do campeonato; equipe cearense segue estacionada no Z-4.
19/10	Flamengo 3 x 2 Palmeiras	Gols: Arrascaeta, Jorginho, Pedro; V. Roque, Gómez	Um jogaço com cinco gols, duas viradas e um árbitro querendo ser a estrela principal. O ingresso valeu pela raiva passada.
19/10	Ceará 0 x 2 Botafogo	Gols: Jefinho e Cris Ramos	Time carioca se valeu da eficiência para somar mais três pontos, ir aos 46 e seguir na caça ao G-4.
19/10	Mirassol 3 x 0 São Paulo	Gols: Reynaldo, Carlos Eduardo e Aleson	Leão chega à décima vitória no Maião e impõe ao Tricolor a sua pior derrota na temporada, com direito a gritos de olé na arquibancada
19/10	Internacional 2 x 0 Sport	Gols: Bruno Henrique e Borré	O Inter lembrou que sabe jogar em casa e passou por cima do Sport, que segue sua peregrinação rumo à Série B de 2026.
19/10	Bahia 4 x 0 Grêmio	Gols: Iago, Willian José, David Duarte e Rodrigo Nestor.	Bahia domina o Grêmio, goleia com tranquilidade e mantém perseguição ao G-4

A Saideira – E Agora, a Conta Chega Pra Quem?

E assim fechamos mais uma rodada eletrizante. O cenário para a reta final é este: Flamengo e Palmeiras empatados em pontos, com o time paulista se sentindo em uma cruzada contra um sistema invisível.16 A arbitragem, mais pressionada do que nunca, entra em campo sabendo que qualquer erro pode gerar uma crise nacional.

A pergunta que fica ecoando nesta segunda-feira é: será que o apito de Wilton Pereira Sampaio vai ressoar até a 38ª rodada? O Palmeiras vai transformar a raiva em combustível para o título ou vai implodir sob o peso da própria narrativa? E o Flamengo, sorrateiro, vai aproveitar o caos para arrancar em silêncio?

Fiquem ligados, porque as próximas dez "finais" prometem mais drama que novela das nove. E no fim das contas, depois de um fim de semana como este, quem ainda tem a coragem de dizer que é só futebol?

Até a próxima segunda, com mais "Peladas da Semana"!