Qual legado você vai deixar?

Passado o Dia Internacional das Mulheres, são tantos assuntos pendentes e ideais colocados em discussão, que teríamos assunto para mais de dez colunas.
Mas o assunto que mais me chama atenção, e com certeza é porque sou mãe, é sobre o rótulo das mulheres consideradas “mães solteiras”. Bem equivocado por sinal, afinal solteira é a mulher que não casou no papel no cartório (que é o que vale para a sociedade civil organizada), e não aquela mãe que cria seu (ou seus) filho sozinha.
Bom, antes de falar sobre qualquer conceito de feminismo, temos que lembrar que ele se apoia na igualdade de direitos, entre homens e mulheres. Feministas, as que levam ao pé da letra o conceito, não são mulheres que odeiam os homens! São aquelas que querem ter os mesmo direitos. Como salários iguais, respeito na sociedade, direito de acabar uma relação sem ser assassinada pelo ex-companheiro, de dividir as tarefas e a criação dos filhos.
Opa! Isso então é um direito? Alguns homens podem pensar neste momento que essas são as chamadas “tarefas maternas”. A verdade, meu amigo, é que não existem tarefas maternas, existem tarefas dos pais, a criação é bilateral ok? Já não basta a mulher gerar a criança, ficar carregando e nutrindo a cria por nove meses, depois em casa por alguns meses ou até anos até conseguir um emprego ou voltar da licença maternidade. Isso quando não é demitida depois de uns meses que voltou da sua licença pelo simples fato de ser mãe em potencial (a ideia que pode engravidar novamente e começar o ciclo outra vez).
Nem precisa explicar porque as mulheres que querem ser mãe não conseguem, geralmente, se posicionar no mercado de trabalho. Como conseguir? Como trabalhar e ter responsabilidades dentro das suas funções corporativas, cuidar da criança, cuidar da casa, agradar o marido, ficar magra, fazer academia, aplicar botox, andar na moda, não cobrar afeto, entre outras mil tarefas femininas? É humanamente impossível! Aquelas que dizem que conseguem, tem sim um respaldo! Tem um marido parceiro, que divide as tarefas da casa, busca na escola, troca a fralda, ensina a ler e faz as tarefas do colégio, lava a louça, fica com as crianças para que a esposa possa fazer uma pós-graduação aos sábados.
O mais engraçado é precisar listar as coisas que deveriam ser regras. Se vocês que estão lendo esta coluna são do tipo de homens que reclamam da parceira estar acima do peso, de não conseguirem um bom emprego, da casa estar bagunçada, parem neste momento e tenham toda consciência que vocês têm responsabilidade em todos os itens desta lista negra e injusta. Como poder emagrecer se não sobra tempo nem pra dormir direito? Como ter um emprego melhor sem capacitação, sem atualização de mercado se tem que cuidar das crianças no sábado para o marido sair pra jogar ou assistir futebol? Como arrumar a casa sozinha se a bagunça é de todos?
Os casamentos não acabam ou perdem o encanto se houver parceria e compreensão. Culpar o dinheiro é fácil, dizendo que os casais com mais condições são realizados porque têm possibilidades maiores. Talvez essas tais possibilidades surgiram de uma parceria, de uma criação com pais amigos e que dividiram suas tarefas, ensinando os valores corretos aos seus filhos. Pais machistas criam crianças machistas, filhas prontas para aturar essa desigualdade de homens que acham que são melhores pelo fato de nasceram homens. Agora a questão é que essa pode ser a sua filha! Então, a responsabilidade é sua. Qual o legado você vai deixar para a sua família?
Autor(a) : Mariana Goulart
Publicado em: 06/04/2020
Última atualização: 05/04/2020
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