Primeiro vamos contextualizar o leitor que poderá acessar esta coluna daqui a alguns meses e pode ser que a nossa vida já tenha volta (eu espero que sim). Estamos vivendo uma pandemia, enfrentando um vírus que ainda não tem uma cura imediata e que tem causado grandes estragos, na saúde e nas finanças do mundo todo. As pessoas estão em casa, em isolamento para que o vírus seja contido e que não cause um colapso no sistema de saúde.

Então explicado. O fato é que as pessoas têm uma vida, e muitas dessas pessoas, uma responsabilidade na vida chamada postagens. É quase que um débito de satisfação com os seus seguidores, onde diariamente e, muitas vezes, de hora em hora, há a necessidade de prestar contas do que estão fazendo de suas vidas. E isso inclui o que comem, onde moram, rotina de trabalho, de exercícios físicos, de relacionamentos, amizades, etc. 

Temos um fato extremamente relevante: estamos ficando doentes mentalmente também. O isolamento tem causado problemas sérios, deixado as pessoas solitárias demais e aumentado o índice de pessoas que estão desenvolvendo síndrome do pânico. Medo, além do vírus, da distância social, do convívio normal com outras pessoas e principalmente com familiares e amigos. A vida não está abalada apenas na conta bancária ou na saúde, está abalada também nas nossas mentes.

Começamos todos com as postagens do povo se exercitando em casa, muito animados, dicas de treinos na sala, comidas saudáveis. Depois começaram as lives, os shows ao vivo feitos pelos artistas em suas casas, que também já tiveram suas polêmicas relacionadas ao excesso de álcool consumido pelos artistas. Aí vieram os vídeos de um novo aplicativo, com dancinhas e dublagens, as máscaras chegaram como conteúdo de necessidade e informação e começamos as postagens de ajuda, yoga, meditação, dicas de perfis para atendimentos psicológicos. 

Agora começamos com a necessidade das postagens das pessoas festejando. Eu ainda não sei o quê ou por que estão se reunindo. Sim, as pessoas estão se reunindo para festas, como aniversário, como jantares de namoro, de felicitações. Acredito ser a tendência desta quinzena. É engraçado pensar que as pessoas têm essa necessidade de se reunir, ou então de preparar todo um ambiente para uma postagem. E sem vergonha, mostrando ao mundo que a comemoração dos seus aniversários são deveras mais importante que preservar a saúde de todos presentes (incluindo a sua). Também concluo ser certa doença social, essa necessidade incansável de postar sem entender o real sentido ou significado desse conteúdo, sem pensar no seu alcance ou nas pessoas que serão impactadas positiva ou negativamente. 

Será que nos sentiremos panacas de estarmos em casa enclausurados protegendo nossa família enquanto nossos amigos festejam por aí? Ou nos sentiremos aliviados e até orgulhosos de fazermos parte das pessoas que se preocupam com algo maior, sem colocar no topo da pirâmide a postagem? Será que estamos preparados para este choque de realidade?