Com esse período turbulento que estamos vivendo durante a pandemia do Covid-19, temos visto nos noticiários e sites que aumentaram os números da violência contra a mulher e o feminicídio. O fato de estarmos mais em casa, conviver mais tempo ou quase o tempo todo com uma pessoa pode ser um transtorno para muitos casais, que antes não estavam acostumados com uma rotina intensa juntos. Afinal, passar mais tempo juntos não necessariamente quer dizer é tempo para beijos, abraços e outras “coisitas” mais. Quase sempre é falar de problemas, ter que trabalhar de casa, estar sem trabalho e sem dinheiro, e uma lista de acontecimentos que acarretam em discussões. 

E da discussão para a agressão é um pequeno passo. Se você está lendo a minha coluna e acha que é um absurdo falarmos disso aqui ou ainda ache que isso aconteça apenas nas classes menos favorecidas, você está enganado! Acontece com todo mundo, em todas as classes sociais e com pessoas de todas as idades. Como começamos o isolamento após a Europa, vimos muitos “memes” de casais italianos e franceses na Internet com brigas, xingamentos, discussões nas sacadas com direito a atirar roupas e objetos no companheiro (a). A cena se repetiu aqui no Brasil nas viralizações pela rede. 

A agressão verbal inicia a agressão corporal. Mas a agressão verbal ela machuca da mesma forma, ou até mais fundo que a agressão física. Como assim? Que propriedades tenho eu, que não sofro agressões em casa para falar disso? Pesquisa de campo, conversas com amigos e amigas de casos reais e separações devido à agressão verbal ou até física. As pessoas relatam que ser agredido psicologicamente é um caminho sem volta. Para quem ofende, parece algo banal, vira corriqueiro, diário, constante. Para quem é ofendido, é um transtorno, um fardo, uma espera. Uma árdua espera, afinal qualquer conversa pode resultar em xingamentos pesados, ofensas à família, emprego, passado, moradia, filhos, etc. 

A agressão verbal pode se arrastar com anos, e um casal vai levando a vida e a transformando em um inferno, com discussões pesadas, trocas de ofensas, geralmente começam a sós, depois acabam acontecendo na frente de amigos e familiares. Quando vira algo público, as pessoas ao redor encorajam o agredido a tomar uma decisão, principalmente quando se sentem ofendidos também. Com o passar do tempo, a agressão verbal vai criando uma ferida enorme em alguém, deixando a alto estima lá embaixo, resultando em alguém deprimido, sem confiança em suas qualidades e habilidades. As pessoas agredidas por palavras podem sofrer danos gravíssimos em suas personalidades, principalmente crianças e adolescentes dentro de uma família desequilibrada emocionalmente. 

Ofender alguém quando estamos com raiva, quando estamos com algum problema não é algo raro de acontecer. Muitas vezes nos arrependemos depois, sentimos remorso e queremos pedir desculpas, ficamos extremamente envergonhados com nossas atitudes. E atitudes que podem ter sido precipitadas, ou ideias vindas apenas das nossas cabeças, que nem aconteceram. Ciúme doentio, mania de perseguição, inveja, cobiça e muitos outros sentimentos e atitudes nocivas. 

Pedir desculpas nem sempre resolve, pois a mágoa da pessoa ofendida pode durar para sempre. Lembrando que uma coisa é desculpar, a outra é esquecer. Pare e pense se em algum dia da sua vida alguém já lhe disse algo tão dolorido de escutar que nunca mais saiu da sua memória. Caso você lembre algo, é bom! Afinal você terá a noção de que se fizeram com você, então você não deve fazer com outra pessoa. E se você tem um relacionamento tóxico, repense suas escolhas.