Que fase você se encontra atualmente?

Seis meses se passaram do início do nosso isolamento social (pelo menos do meu) e quantas fases já tivemos até aqui! Maior que o medo e a angústia de algo incerto, têm sido os desentendimentos por causa do uso de máscaras, desrespeito e quebra de quarentena e o excesso de convívio com as pessoas mais próximas, principalmente os relacionamentos mais íntimos (como maridos, esposas, filhos).
No primeiro mês foi um grande desespero, crises de ansiedade e pânico nos assolaram, medo do mais óbvio, o vírus, e daquilo que viria pela frente. Já no segundo mês a economia começou a ruir e o medo maior era a perda do emprego, o fechamento dos negócios. No terceiro mês os casos de contaminação aumentaram muito e o medo era de ficar doente, ir ao hospital. Nos meses seguintes a economia começou a se ajeitar, as pessoas incorporaram a rotina da higienização geral e do distanciamento parcial. A aceitação começou a aparecer, mudando nossas rotinas e crenças.
Após meio ano de incertezas, as pessoas se encontram em níveis diferentes de percepção de perigo e isolamento. Muitas seguem trancadas e levando o isolamento a sério, sem sair ou apenas saindo para necessidades básicas, outros voltaram a viver uma vida normal, com vida social ativa (incluindo sair e até ficar com uma pessoa que conheceu naquele dia). Há relatos de pessoas que contam ainda estar sem levar muito a sério tudo que tem acontecido no mundo, o que é bem assustador, tanto quanto aquelas que não põem o nariz pra fora de casa por nada!
Outra coisa bem comum é a vergonha que muitas pessoas têm de dizer que saem para diversas atividades, que não incluem o trabalho. Pregam por aí que ficam em casa, reclamam das aglomerações alheias, mas comumente estão pelas ruas. Mas obviamente não postam nada nas suas redes sociais para não serem escrachadas, para ter a oportunidade de criticar quem sai e tem a coragem de admitir.
Quando que poderíamos pensar que chegaríamos a este ponto: a vergonha de sair, ao invés do orgulho comum que se tornou o combustível da vida em termos de redes sociais, quando a competição acirrada é pelo melhor lugar visitado, o almoço mais caro, o hotel mais badalado, o look do aeroporto? Passamos pela fase das lives sertanejas, das conversas em grupo por vídeo pelos aplicativos, muitos desenvolveram seus dotes culinários fazendo pães e bolos (apostando inclusive em uma renda extra) e os treinos na sala de casa foram salvadores da pátria do tédio e da comida em excesso.
Voltamos ao normal? Acredito que não. Vivemos um novo normal? Também acredito que não, afinal é uma fase muito mais passageira do que a tão chamada ‘novo normal’. Só poderemos saber o que será o novo normal quando tivermos certeza de como serão os próximos anos: teremos vacina contra nosso inimigo Covid-19? Viveremos de máscaras por alguns anos nos protegendo? Convivemos apenas com a família na incerteza de que todos estão fora de perigo de contaminação? Trabalharemos de casa? As escolas voltarão ao seu normal? Somente após muitas destas questões resolvidas é que poderemos dizer que estaremos em um novo normal. São muitas dúvidas para sanar. Enquanto isso, vamos vivendo nossas fases e nos adequando às fases da pandemia.
Autor(a) : Mariana Goulart
Publicado em: 21/09/2020
Última atualização: 20/09/2020
0 comentários