Online ou offline?

Atualmente a vida tem sido praticamente online, com comodidades e relacionamentos, tanto profissionais quanto pessoais, acontecendo em tempo real e com muita intensidade. Você paga suas contas pelo aplicativo do banco, compra produtos e serviços pelo celular e agenda seus compromissos por links e sites na internet.
Mas as suas relações principais já ganharam o espaço online ou continuam no formato tradicional? Você gosta de encontrar as pessoas e olhar nos seus olhos ou se satisfaz com os aplicativos de conversa? Você já parou para pensar em como estamos nos acostumando com o contato 100% online e não presencial? E o pior: nós gostamos e até preferimos! Quando alguém nos liga, fica aquela “estranheza” no ar, quem ainda liga da maneira tradicional em 2020?
Quando eu digo “nós”, falo pelo coletivo, pela maioria das pessoas e seus hábitos atuais. Pense bem: pra quantas pessoas você ainda liga? Pega seu telefone e disca. Para os seus pais, esposa e irmão. O resto você nem lembra o número, na verdade se você ficar sem o seu celular, não vai lembrar de quase nenhum número! A gente esquece até das senhas, afinal o celular e seu smart lock armazenam todas as nossas informações nos deixando acomodados e sem memória.
Você ligou para alguma empresa de televisão a cabo ou de telefonia nos últimos meses? Quanto tempo demorou para falar com uma pessoa de verdade? Os chatbots nos fazem perguntas, encaminham chamadas, recebem comandos. E quando nos convém, é maravilhoso, pois pode resolver nossos problemas em segundos. Quando não, é aquele choque de realidade de como estamos vivendo atualmente, sentimos a necessidade de alguém nos atender, resolver nossos problemas conversando.
No fim, acabamos carentes, precisando de contato humano, e quando percebemos estamos contando nossas coisas mais íntimas para o colega da academia ou para os pais que ficam sentados ao nosso lado nas atividades semanais dos nossos filhos. E ainda achamos que está tudo na maior normalidade. A grande verdade é que nos adaptamos, mudamos, nos acostumamos com a nossa nova realidade online, conectados, digitais. Mas de alguma forma nos relacionamos offline, pois é uma necessidade do ser humano. Precisamos nos comunicar, trocar calor humano, beijar alguém! Se fosse, no mínimo satisfatório o contato online, não estaríamos adoecendo mentalmente com o excesso de uso de redes sociais, nos iludindo com postagens e acreditando (e sofrendo) com o conteúdo que acessamos.
Então a culpa é da internet e das redes sociais ou do ser humano que é livre para criar sua vida perfeita nos feeds ou ainda acreditar que a vida online é perfeita? É mais fácil colocar a culpa na internet, mas no fundo quem a manipula são as pessoas, somos nós! Nós criamos a competição social, nós que vivemos conectados atrás de conteúdo relevante (ou não), nós que nos iludimos com tudo isso. A exposição social tem se tornado cada vez mais um problema social, mal reconhecemos as pessoas sem seus filtros na rua! A reflexão aqui é do uso correto das comodidades do mundo online, a parte positiva da tecnologia. O ser humano tem se dividido em duas versões: o exibicionista e o espectador. Onde você se encontra?
Autor(a) : Mariana Goulart
Publicado em: 19/10/2020
Última atualização: 18/10/2020
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