Personas ou personagens?

Termo muito usado na publicidade e design, a persona representa uma pessoa fictícia ou ideal para ser usada como modelo para criar algo. A persona surgiu na Roma antiga, como um personagem de teatro, onde máscaras eram usadas para representar cada persona e suas características. Ou seja, quando um ator usava uma máscara com algumas características específicas, ele incorporava uma persona.
E tem alguma coisa diferente de hoje em dia? Você se vê em alguns momentos como uma diferente persona nas áreas da sua vida? Em tempos de perfis bombados nas redes sociais e filtros a mil, o que mais encontramos atualmente são personas. Na psicanálise, Carl Jung reconheceu em seus estudos sobre o consciente coletivo que entre os principais arquétipos estava o da persona, que seria o lado da nossa personalidade que se modifica para nos mostrarmos para as pessoas. A intenção do indivíduo, o papel público que o indivíduo mostra para a sociedade. Isso é tão comum, tão atual que quando nos deparamos com pessoas que conhecemos pelas redes e vídeos achamos incomum ela ser a mesma pessoa, ser verdadeira por trás daquilo que está repassando aos seus seguidores numa tela.
Mas então estamos nos acostumando com pessoas que não são reais? É claro! Só que como toda onda de tendência, ser um personagem estava em alta e ser original já está subindo e desbancando o personagem. O diferente agora é aquele que é sincero, que é real, que traz seus perrengues do dia a dia ao público. Está todo mundo cansado de uma imagem irreal e perfeita que sabemos que nem é possível! Nos identificamos com a pessoal real porque somos como ela, temos falhas e necessidades que vão além de um compartilhamento. E isso é um grande conforto em uma época digital e extremista.
Só que existe um meio termo, afinal mostrar nossas falhas ou o nosso lado comum nem é tão agradável, na verdade só queremos saber dessas peculiaridades das pessoas famosas porque são, de certa forma, inatingíveis. Tem que se preservar sim, manter uma boa imagem e aparência na sua vida corporativa, se apresentar bem nos eventos, ser educado com as pessoas em geral. O que não dá é ser um personagem fictício de uma pessoa real. Vocês conseguem entender isso? Criar uma persona de alguém real e escrachado, para chamar a atenção das pessoas, dos seguidores. Isso não dá nem um pouco certo!
Se pudermos concluir, não há nada de errado em ter a sua persona em momentos pontuais. Imagina você interagindo com o pessoal do escritório da mesma forma que interage com os caras do futebol da quarta-feira depois do churrasco e da gelada. Sem condições! O que estou falando aqui é ser de verdade dentro das suas personas e principalmente saber que é péssimo ser um personagem forçado sempre. Todavia, uma pessoa educada é bem-vinda em qualquer lugar!
Autor(a) : Mariana Goulart
Publicado em: 18/03/2024
Última atualização: 01/04/2024
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