Ganhar presente é bom demais! Mas vocês já receberam ajuda quando estavam precisando? E o presente é algo físico, algo que se entrega em mãos, que podemos até nos orgulhar de entregar, mesmo que seja uma experiência e não apenas um produto. Em alguns locais, ou festas, há quase uma competição pelo melhor e mais importante presente recebido. E pior, há um deboche ou desdém por presentes simples e menos imponentes. 

Existe um certo brio em presentear bem. Nos enchemos de orgulho em dar um presente, digamos, caro, com valor alto. Porque isso demonstra que temos poder. E usando esses verbos na primeira pessoa do plural, falo de todos nós porque isto está no nosso inconsciente coletivo, arraigado com a nossa cultura e repassado por gerações.  

Humildemente questionar o que alguém precisa ganhar de presente, de forma genuína seria tão maravilhoso! Porém, esta atitude precisa vir de quem presenteia, caso contrário soará pretensioso se as pessoas envolvidas não tiverem intimidade suficiente para um pedido. É claro que ganhar um tênis caro, um aparelho eletrônico, um celular, é bom demais! Mas um tratamento de saúde, uma consulta médica particular com um especialista, uma parcela de algo em aberto, soaram como música aos ouvidos de quem precisa...

O presente colocamos exposto, mostramos, inclusive nos gabamos! Ostentamos os presentes e em alguns momentos, principalmente para as pessoas mais discretas, é mais fácil nos exibirmos com o que ganhamos de presente do que com o que compramos. Temos que ter cuidado até mesmo com outras pessoas que nos presentearam com algo que não fosse tão grande para não haver constrangimentos em festas e reuniões comemorativas. 

Os presentes imponentes têm sim o mesmo impacto que o mesmo valor em algo de necessidade. Tenho certeza que todos lembram de alguém que ao invés de algo que você nem precisava ganhar te trouxe algo que você realmente precisa ter, e isso inclui sim coisas, como uma televisão, conserto de um celular, uniformes. E essa informação pode vir de uma conversa franca ou mesmo de uma boa pesquisa com as pessoas ao redor.

Em uma simples análise, podemos perceber que o presente “ostentação” é para mostrar. O presente “necessidade”, no mesmo valor daquele para ostentar, é para o presenteado! E afinal, se o que vamos dar é para agradar quem recebe, e não os outros, qual seria mesmo o correto?